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Ando percebendo que vario entre dois extremos semanalmente: a organizada, obsessiva e compulsiva por organização, limpeza e vida bem sucedida / a bagunceira que mal acha espaço para si mesma dentro da própria casa. No começo eu achei que isso fosse devido a minha falta de tempo e sobrecarga de afazeres, mas, bom, eu estou de férias da USP, o que me libera pelo menos umas 3h na parte da noite. E eu me encontro quase totalmente submersa em caos. Parei de comer decentemente, minha última refeição, um strogonoff que eu, teoricamente, sei fazer bem, saiu uma porcaria e eu tive que comê-lo por três dias. Desde então comecei a variar entre miojos, chocolates aqui e ali para dar energia, e, nesse exato momento, me alimento de cookies de valor nutritivo -163.

Depois da minha primeira fase morando sozinha, a fase de burgers, nuggets e coxinhas congeladas, eu percebi que quando eu comia melhor, minha saúde (sempre chatinha) dava uma boa melhorada e eu até me sentia mais disposta. Troquei o arroz branco por integral, diminuí as massas, comia uma boa porção de saladinha por dia, sem me poupar de um chocolate de vez em quando, mas verdade seja dita, eu não tinha nem vontade. Sim, andei ganhando uns quilos, todos sabemos, mas não foi por isso que eu mudei a alimentação. Sempre fui devota de Jamie Oliver e Gillian McKeith (aquela do Você é o que Você Come, exibido pelo GNT), sempre soube que se eu mudasse a alimentação a vida mudaria junto, eu voltaria a ser metódica, feliz e minha casa voltaria a ser arrumada, afinal, a sua casa é o que você come.



É nessa hora que entram os amigos com apoio moral. E há amigos e amigos. Especialmente amigas e amigas. Há amigas que te chamam para um brigadeiro e há aquelas que são nutricionistas e te passam uma receita de lasanha saudável e mil jeitos de se comer uma fruta. Ultimamente eu tenho recorrido mais à segunda opção, e é aqui que entra a Bettina:

Bettina Reichenbach – Formada em Nutrição no Centro Universitário São Camilo e Pós-Graduada em Nutrição Clínica pelo IMeN.
Trabalha com orientação nutricional, reeducação alimentar e personal diet.

Apresentações feitas, a Bê topou ensinar todos os leitores que vivem a um a se alimentarem direitinho, fez tabelinha e tudo, aproveitem:

"Como falar de nutrição nessa época que é tão mais fácil comer um congelado, miojo, pão com alguma coisa? Ainda mais quando se vive sem a comidinha da mamãe, na correria do cotidiano, quando bate aquela fome e junta com aquele cansaço, iiiiih... Mas tudo tem jeito!
Vou começar pelo básico: Precisamos de três grupos alimentares no nosso dia a dia: CARBOIDRATOS, PROTEÍNAS E VEGETAIS! (e nessa hora vocês me olham com cara de “oi?”).
O ideal é dividirmos esses grupos em no mínimo três refeições (café da manhã, almoço e jantar). Mas não esqueçamos dos lanchinhos, que servem como uma “ponte” entre essas refeições e deixam a gente com menos fome (não precisamos mais atacar a comida como se o prato na sua frente fosse o último do planeta e da sua vida!).
Os grupos alimentares dependem um do outro. Não podemos simplesmente decidir que não vamos mais comer isso ou aquilo. Montei uma tabela pra deixar mais fácil:

 O QUE?
COMO?
PARA QUE?
CARBOIDRATOS
Batata, arroz branco ou integral, macarrão, inhame, mandioca, pães
Dar energia para o corpo
PROTEINAS
Carnes: boi, frango, porco, peixes + Ovos + Leite e derivados (iogurte e queijos) + Leguminosas (feijão, soja, grão de bico, lentilha)
Construir e formar o corpo – ossos, músculos, pele, cabelos, unhas
VEGETAIS
Folhas: alfaces, agrião, rúcula, couve, acelga, espinafre...
Legumes: brócolis, pepino, cenoura, beterraba, abobrinha, berinjela...
Frutas: abacaxi, maçã, banana, pêssego, uva, melancia, melão, manga, pêra, mexerica, laranja...
Fornecem vitaminas e minerais que organizarão o corpo – para que energia e a construção aconteçam corretamente

Então, fica a dica da Nutri: Façam 5 refeições por dia, sendo que as três principais devem ter os três grupos de alimentos de maneira equilibrada. Não adianta comer uma rodela de tomate, 1kg de bife e 500g de arroz e feijão, certo??? E os lanchinhos devem ser leves: uma fruta, barrinha de cereal, frutas secas, um iogurte!"


Amiga, minha casa será um prato colorido e equilibrado. Ou eu não me chamo Mariana!

Pois que eu andei sumida experimentando o lado bom de se viver a um, é verdade.
Decidi que encontrei a minha paz interior com pequenas mudanças que eu mantive por uma semana sem interrupção. Eu não tinha do que reclamar - e os poetas verdadeiros sabem que a melancolia e o desespero são essenciais (não a toa, A Pia, O Beco foi o grande sucesso desse blog) - fiquei, então, reclusa na minha infinita paz de espírito pensando na grande evolução:

  • Mudei os móveis de lugar e deixei tudo mais aconchegante;
  • Usei o micro-ondas loucamente, fiz várias refeições sujando uma vasilhinha e um talher;
  • Comprei um superbonder e resolvi 95% dos meus problemas práticos na casa: arrumei o pezinho da minha tábua nova de vidro temperado (que não fica engordurada, não mofa, não fica feia), arrumei a entrada do plug do celular que havia caído, arrumei a tampa de duas panelas;
  • Comprei um pacotinho de Command (aquelas fitas que são como um velcro plástico que colam quadros na parede e saem sem estragar a tinta) e preguei meu mural;
  • Comprei uma caixa de incensos de relaxamento;
  • Mantive a casa absolutamente arrumada, não fazia nem xixi depois do trabalho sem antes limpar tudo!
Me senti mais aconchegada na minha própria casa, meus deveres fluíam melhor, me senti repentinamente mais madura (?), mais experiente (??), me sentia capaz de trocar uma lâmpada! (!!!)

Eis que o final de semana e chegou e com ele, o dia do namorado vir ficar comigo. Sábado à noite passamos pela maravilhosa experiência de cozinhar a dois: fizemos um risoto delicioso de brie com manga e salmão defumado, regado a vinho branco, muitos carinhos e juras de eterno amor, como se não houvesse amanhã.


Os amores foram tantos que amanhã chegou e a louça ficou, quando ele foi trabalhar e eu fiquei fazendo outras coisas que deveriam ser feitas: ver o jogo do Corinthians, fazer a unha, escolher um cabelo/maquiagem para a balada daquela noite, e, para piorar, meu secador novinho pegou fogo quando eu fui usá-lo pela primeira vez. Então acabei saindo atrasada e não deu tempo de limpar. Saímos, nos divertimos muito, voltamos de madrugada. Não era hora de lavar louça. Mas aí que eu estava exausta, acordei uma hora e meia atrasada para ir trabalhar, peguei um táxi correndo, estava um calor de matar, e isso, e aquilo e... e... e... apareceu uma barata na minha casa. 

Quem descobriu o monstro foi ele, que até tentou matá-lo (como prova o travesseiro em cima do guarda-roupas, a cama no meio do quarto, o banco de cabeça pra baixo em cima de um prato em cima o fogão), mas a nojenta se escondeu e ele teve que ir embora mesmo assim. Passei o dia sem querer voltar para casa, mas como não havia outra opção, antes passei no mercado e saí munida de sprays, caixinhas pretas com veneno e mil produtos de limpeza. A maturidade, a segurança e a independência tinham ido embora a partir do momento em que eu deixei de lavar os pratos e agora eu era novamente aquela universitária cansada e indefesa, cheia de relatórios para fazer e uma barata para matar.

                           

Antes que eu pudesse criar coragem de encará-la, ela, como que para me testar, saiu se exibindo e correndo para trás da minha sapateira. Mais do que medo ou nojo, eu tive muita raiva: "atrevida do caramba"! Saquei o spray de citronela e espirrei tanto, mas tanto, mas tanto, que eu quase morri junto. Me tranquei no banheiro tentando recuperar o fôlego e aproveitei para refletir e me prometer mil vezes jamais deixar a louça suja novamente - lição aprendida - e recuperar toda a minha paz de espírito de uma vez por todas... assim que alguém vier tirar aquele cadáver, prova da minha auto-sabotagem, de trás da minha escrivaninha.

MÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃEEEEEEEEEEEEE!!!




Antes de mais nada, eu gostaria de agradecer pelas vibrações positivas pelo micro-ondas. Aproveito o novo post para contar brevemente o desenrolar da história: começando pelo fato de eu ser pedestre; tive que pagar 40 dinheiros de táxi para levar o trambolho de volta, porque, segundo a nota fiscal, eu só teria 72h para trocá-lo na loja. Além disso, subir e descer escadas com aqueles aparentes oitenta quilos na mão, perder duas horas depois do trabalho... enfim. Ao retornar um produto com defeito à loja, é de praxe que ele seja testado antes de ser trocado. Fui com o carrinho até a mesa de testes, esperei duas pessoas testarem umas três coisas cada uma, até que, enfim chegou a minha vez. O técnico colocou o micro-ondas em cima do balcão, escolheu um adaptador para aquela tomada estranha e... ligou. LIGOU. LIGOU!!! Não bastasse minha cara de infinita indignação sem emitir um som que fosse, o infeliz do técnico ainda me disse com uma cara de sarro "e olha que eu ainda coloquei no 110." Obviamente eu contei tudo o que fiz e o que não fiz para fazer com que o negócio funcionasse e me recusei a ir embora com o mesmo aparelho. Escândalos depois, finalmente consegui um novo micro-ondas, agora com o plus de ser 110V, embora tenha tido que comprar dois adaptadores. Moral da história: resista às promoções. Eu não resisti a um micro-ondas meia-boca por um preço muito bom, mas, com tudo o que eu gastei na troca, podia ter comprado um de uma marca boa e não ter passado por todo esse stress.

Mas vamos ao que interessa. Quem me acompanha no facebook sabe que eu ando tendo desejos de comidas bem específicas, e que na semana passada a bola da vez, por algum motivo desconhecido, teve que ser cuscuz. Fiz um levantamento sobre com o que se come com isso, o que gerou certa polêmica sobre cuscuz ser o prato principal, sobre ser marroquino ou não, ou sobre ser uma piada de duplo sentido (?).  Esclarecidas as dúvidas (prato principal, cuscuz paulista, sem piadinha infame), eu decidi que faria um vegetariano para poder dividir com as minhas vizinhas, e que faria um filé de salmão a parte para acompanhar. Procurei então uma receita que se adaptasse ao meu gosto, ou mais de uma, porque, como eu já disse aqui, acho uma bobagem se prender a uma receita, especialmente se ela tem recheios. Eu jamais colocaria sardinha no meu próprio cuscuz. Enfim, receita testada, provada e aprovada pelo controle de qualidade das vizinhas, foto compartilhada.

Cuscuz tentativa 1 - 07/11/2011

Apesar de eu ter vários prós e bons retornos com o blog, estou passando por um certo contra: minha família acompanha de perto os posts, e quando eu venho para cá, já não podendo mais olhar para uma panela, sou gentilmente convidada a dividir com eles minhas agora "habilidades culinárias". Essa semana não foi diferente, adivinha o que eu tive que fazer? Bingo. Felizmente, como forma de incentivo, a Mami me recepcionou com um filé à parmeggiana. E aqui é aquele esquema, né: eu cozinho, você lava. E o " você", no caso, é minha irmã mais nova. NICE.
O caso é que a receita deu muito certo de novo e eu nem precisei checar as medidas, foi um cuscuz feito absolutamente a olho, muito rápido e de recheio bem versátil, por isso achei absolutamente apropriado para o blog.

Cuscuz Paulista
Rende de 6 a 8 porções
Tempo: 25 a 30 minutos
Praticidade: SP

Ingredientes
Basicamente todas as "miudezas" que você tiver na geladeira e temperinhos:
  • Azeite
  • Alho
  • Cebola picada
  • Milho verde
  • Ervilha
  • Azeitonas
  • Pimentão picado 
  • Palmito
  • 3 ovos cozidos
  • Cheiro verde
  • Uma lata de molho de tomate
  • 1 tablete de caldo knorr da sua preferência
  • 2 latas de água
  • 3 xícaras de chá de farinha de milho grossa.
  • Sardinha / atum / peito de frango desfiado
  • Tomates em fatias.
Tirando a farinha, a água e o molho, todos os ingredientes podem ser colocados ou não nas quantidades desejadas.

Modo de Preparo
  1. Em uma panela grande refogue a cebola e o alho em azeite, em seguida despeje o molho. 
  2. Misture milho, ervilha, palmito, azeitona, pimentão, dois ovos cozidos picados e tempere a gosto. Eu coloquei pimenta do reino, manjericão, orégano, salsa e sal.
  3. Em uma panelinha a parte, dissolva o caldo knorr em uma xícara de água e despeje no molho. Despeje em seguida todo o resto da água e deixe ferver um pouco.
  4. Por último coloque aos poucos a farinha e vá mexendo. A mistura deverá ficar com o aspecto pastoso, mais firminho, mas não duro ou muito seco.
  5. Em uma fôrma furada, passe azeite em toda a volta para untar e coloque no fundo e dos lados tomates em rodelas, temperinhos e o último ovo cozido, cortado em rodelinhas também.
  6. Coloque a massa do cuscuz na forma pressionando um pouquinho para que não fiquem buracos. Deixe esfriar e... voilà!

Cuscuz tentativa 2 - 14/11/2011

Enfim, Super Prático porque é basicamente um molho de tomate com tudo dentro, com farinha.

Quem fizer, não esqueça de dividir as variações aqui :)

No ritmo de "eu era um bêbado que vivia drogado". Três, dois, um...

Eu era uma proletária-estudante
que andava cansada e deprimida
Hoje eu fui salva
Comprei um micro-ondas... 
- OH WAIT!



Pois que hoje, depois de receber o salário, depois de comer pizza por três dias, depois de comer fora o final-de-semana interinho, já era hora de cozinhar novamente. Na minha geladeira havia uma geleia que eu ganhei de presente ao me mudar (aliás, quanto tempo dura uma geleia?), cebola picada que eu pedi emprestada para a vizinha, uma caixa de ervilhas, vodka, sake, mostarda e alguma coisa em um tupperware que eu não abro faz tempo - e não seria AGORA que eu ia abrir, não é mesmo?
A fome apertou. Convidei minha vizinha motorizada para ir ao supermercado comigo, assim poderíamos fazer a compra do mês toda de uma vez, já que não teríamos que carregar na mão.
Eu não sei quanto a vocês, queridos leitores, mas eu odeio promoções. Eu odeio porque não consigo me segurar. Eu vejo tudo o que eu quero preciso levar por um preço assustadoramente acessível e jogo tudo no carrinho. Não é sempre assim, é uma loucura exclusiva das seções de farmácia (cosméticos), papelaria, eletro-eletrônicos, decoração, entre outras. Eu jogo no carrinho, mas conforme vou comprando as coisas verdadeiramente indispensáveis, tipo sucrilhos Kellogg's, eu fico olhando para as futuras aquisições e me sentindo culpada, devolvendo tudo aos poucos.
Dessa vez, ao colocar no carrinho um liquidificador, um espremedor de laranjas, um kit-de-fazer-café e um... microondas! eu dei um jeito de fazer as compras todas bem rapidamente, para a culpa não ter tempo de me alcançar, esqueci os sucrilhos. A cada corredor eu vislumbrava meu futuro próximo: chegando em casa e jantando em 3 minutos a comida congelada do final-de-semana, cheia de opções, nunca mais queimar a pipoca!!! Eu estava prestes a ter mais tempo para dormir, menos louças para lavar, menos fogão respingado... AAAH! Nem o valor exorbitante da conta me fez desistir, qualidade de vida custa caro.
Carreguei o tal aparelho como se carrega um filho, coloquei com cuidado no carro, tirei com cuidado, subi escada, entrei em casa e larguei todo o resto de lado. Era montar a belezinha e eu seria uma nova mulher, nem no meu casamento eu me sentiria fazendo tamanho bom negócio! Mas, falando em casamento, a coisa começou a degringolar cedo.
A tomada é 220V, a tomada do lado da geladeira é 110V. Fiquei contrariada, mas tudo bem, tem uma tomada 220V em casa, embora seja em um lugar bem pouco-prático para o micro-ondas. Respirei fundo, achei um banquinho para apoiar a coisa, tirei de cima da geladeira, coloquei no lugar improvisado, liguei no 220V e... calma, de novo, acho que eu não coloquei bem, então de novo e...
Sim, o micro-ondas, o micro-ondas está quebrado! Ele veio com defeito!
Daquele momento em diante eu voltei a ser uma proletária-estudante que perde horas preciosas de sono cozinhando, comendo e lavando, porque quem nasceu para camelar jamais terá micro-ondas.
Life is what happens while you're busy making other plans. (LENNON, John)
Life is what happens while you're busy washing your dishes. (TELES, Mariana)


Não vou dizer que virou pesadelo, mas o grande sonho está mais para uma noite mal dormida. Enquanto a galera do escritório comemora a balada onde "todo mundo dançou funk até de manhã", eu tenho como recordação do feriado de finados uma pia cheia de louças para lavar, louças essas que já deveriam ter sido lavadas, se eu não tivesse ficado presa por quarenta minutos a mais que a usual uma hora de trânsito e chegado congelada e deprimida. Juro que estava para cometer suicídio na pia, só me salvei por achar uma declaração de amor do meu namorado no... rolo de papel higiênico (?). É, ele é criativo assim mesmo.
Esses dias, uma amiga que me acompanha no blog e nos fins-de-noite na USP me disse que eu deveria escrever mais poesia por aqui. Eu pensei calmamente por alguns segundos, minha rotina passou diante dos meus olhos, e eu respondi "que poesia pode haver em ter que lavar a louça que eu sujei para comer sozinha às duas da manhã?". Ela, sempre muito culta me diz "Manuel Bandeira, queridaaa". Já sei, "Estrela da Pia Inteira, vou publicar".
Amiga Meissa, dedico a você toda a poesia da minha vida a um.

O Beco

O que importa o pavê de beijinho e brigadeiro com chocolate meio-amargo, o yakissoba melhor que o do China in Box, o salário caindo amanhã
- O que eu vejo é a pia

Vamos lá, dia 02 do blog.
Vim passar o fim-de-semana na casa dos meus pais, em Campinas, e mal cheguei já fui recrutada para acompanhar o casal ao supermercado. A primeira "ala" (seção?) do lugar era a dos vegetais e lá, me encarando com suas peles roxas e reluzentes, estavam as berinjelas caprichosamente empilhadas.



Há pouquíssimo tempo me apaixonei por berinjelas, não sei como, não sei por que, adoro de todos os jeitos com a condição de que sejam feitas em casa, de preferência na minha. Os jeitos que eu mais gosto são:
  • Berinjela refogada com cogumelos e pimenta do reino;
  • Berinjela empanada;
    e, minha mais nova descoberta,
  • Lasanha de berinjela.
No próprio mercado já fiquei hipnotizada e joguei uma indireta "nossa, mãe, te contei da lasanha de berinjela que eu fiz em casa esses tempos?", esperando ouvir "Jura filha? Você gosta? A mamãe vai fazer para você, então" (porque, afinal, eu estou absolutamente farta da minha própria comida e foi mais ou menos por isso que eu vim), mas o que aconteceu foi "Jura, Mari? Que delícia! Pode fazer pra gente amanhã, então". Acho que esse lance de não gostar de cozinha tem seus fatores genéticos, porque minha mãe, como eu, nunca gostou de cozinhar - embora tivesse cozinhado a vida toda -, a não ser que tivesse sonhado com o Jamie a noite inteira.
Acabou que eu fiquei mesmo incumbida de fazer a tal lasanha para o almoço da família. Muita gente já me falou que é um privilégio cozinhar para aqueles que amamos, eu concordo, mas sinta o drama: meu pai, paulista, gosta com pouco sal e sem pimenta do reino, minha mãe, mineira, gosta de pimenta do reino e mais tempero, minha sobrinha, criança, não gosta de berinjela e minha irmã, irmã, não gosta de mim. Well... Missões impossíveis à parte, vou dividir com vocês a minha primeira experiência com esse prato delicioso.
Há três semanas, num belo domingo chuvoso, eu acordei com vontade de nada menos do que lasanha de berinjela, feita sem massa de trigo, as camadas tinham que ser feitas do próprio vegetal. Devo ter ouvido algo sobre isso no rádio, na televisão, não sei, porque, até então, eu nunca nem havia visto uma dessas na minha frente. Procurei na internet por uma que parecesse simples o bastante de fazer, achei essa no Tudo Gostoso, que obviamente me atraiu por conter as palavras "super" e "rápida" no título. Apesar de não ser um bicho-de-sete-cabeças, eu não recomendo que se faça depois de um dia cheio de trabalho (faz meleca), então, aproveite o fim-de-semana e aventure-se:

Lasanha de Berinjela Super Rápida
Tempo: 45 minutos
Rende 6 porções 

Ingredientes
  • 2 berinjelas médias descascadas e cortadas em fatias finas no sentido do comprimento;
  • 1 cebola picada
  • 2 dentes de alho amassados - eu não tenho amassador e adoro morder os pedacinhos, então cortei em fatias fininhas;
  • 2 latas de molho de tomate pronto - eu acabei usando um pouco mais, então tenha uma extra caso você também precise;
  • 200 gramas de presunto - opcional, eu fiz sem;
  • 200 gramas de mussarela - usei um pouco mais;
  • 2 colheres de sopa de óleo - usei azeite;
  • sal e pimenta à gosto - coloquei também manjericão fresco, salsa e orégano;
  • Azeitonas picadas;
  • Parmesão para cobrir.
Modo de fazer
  1. Em uma panela coloque o óleo e doure primeiro a cebola, depois acrescente o alho e despeje as duas latas de molho. Tempere a gosto.
    Eu precisei usar uma frigideira mais larga e um pouco mais funda, para que a berinjela comprida pudesse caber. Além disso, coloquei azeitonas picadas no molho.
  2. Pré-aqueça o forno a 200º C;
  3. Quando o molho levantar fervura, coloque as fatias de berinjela aos poucos para que cozinhem levemente.
    Não deu para colocar tudo de uma vez, fiz em duas vezes, deixando cozinhar de três a quatro minutos cada. Depois disso, o molho ficou mais na berinjela e não foi suficiente para alternar nas camadas, então fiz um pouco mais.
  4. Em uma fôrma média, comece colocando o  molho e alterne camadas de fatias de berinjela, molho, presunto (ou não) e a mussarela. Finalize com queijo e molho.
    Na cobertura eu misturei mussarela e parmesão e joguei orégano por cima.
  5. Leve ao forno por 25 minutos.
Aqui eu vou ranqueá-la como simplesmente (Prático), e não SP (Super Prático), porque, apesar de ter sido simples, fez uma melequinha no fogão na hora de colocar e tirar a berinjela na panela, sujou o forno por dentro porque vazou molho e foi difícil na hora de cortá-la, ela parecia estar um pouco borrachuda. Talvez eu tenha deixado pouco tempo na panela, mas foi porque eu li nos comentários da receita que alguém que tinha feito deixou mais tempo e ela ficou muito mole. Imaginei que já que ela é a própria "massa" da lasanha, deveria ser mais firminha. Enfim, se alguém souber o porque de ela ter ficado assim, me avise aqui , por favor, antes que eu faça berinjela borrachuda para a família. ;)

Ah! Achei aqui algumas informações nutricionais e sobre como escolher e armazenar berinjelas.
E fiquem de olho nos comentários, tem sempre alguém mais experiente para dar dicas para aprimorar a receita! 

Há cinco meses consegui tornar realidade um dos maiores sonhos que eu tive na vida: morar sozinha. Não bastava apenas sair de casa, criar independência dos pais, morar em uma república, não. Tinha porque tinha que ser so-zi-nha. Na imaginação era tudo lindo, claro: um apartamentinho bonito que, apesar da minha mania de bagunça, seria superorganizado, cheio dos mais variados utensílios e cacarecos e penduricalhos. Não haveria louça que não se lavasse sozinha, chão que não aspirasse a própria poeira, roupa que não aparecesse limpa, passada, dobrada ou pendurada cheirando ao amaciante que a mami usa. Bom, desnecessário dizer que não rolou. Eu tenho que fazer tudo isso em algum momento do meu minúsculo dia de 24 horas: trabalho de manhã e à tarde, faculdade à noite, casa de madrugada (disputando com os seriados). Uma vida não tão fácil, mas não impossível. Sabendo que não sou a única mortal a encarar esse mundão hostil, decidi criar um blog que seja também um espaço para trocar dicas com quem, como eu, daria um braço por um “Guia Completo de Praticidades Para Pessoas Que Vivem Sozinhas”.



Meu principal drama é cozinhar. Já não nasci lá com a famosa “mão” para cozinha e o cansaço não ajuda, houve dias seguidos em que eu passei almoçando Doritos e jantando Mendorato, mas venho lutando diariamente por uma alimentação, senão saudável, pelo menos menos trash. Então elaborei um Top 5 do que eu considero indispensável à vida de quem come sozinho:

  1. Motivação. Motivação é uma das muitas palavras-chave do mundo da culinária-solitária. “Só eu vou comer” e “vou ter que limpar tudo sozinho”, segundo as estatísticas, ocupam o topo de justificativas furadas para se apelar para uma meia quatro queijos, meia portuguesa. Mas, agindo como pessoas conscientes que somos, vamos pensar em saúde, economia e em melhorar as habilidades na cozinha. Se todos esses argumentos não funcionarem para você, amiga(o) dona(o) de casa, pense nas crianças na Somália.
  2.  Praticidade é essencial para quem cozinha depois de um dia cheio. Quanto mais rapidez e praticidade ao realizar uma tarefa, maiores as chances de você se conformar em repeti-la.
  3. Outra coisa importante de se ter ao cozinhar é boa memória, ou pelo menos memória o bastante para lembrar que o macarrão ainda está cozinhando antes que você tenha que comer mingau de trigo a bolonhesa, o que acaba acontecendo com certa frequência aqui em casa. Sendo assim, evite usar o seu facebook/twitter/bbm/msn/todasasanteriores enquanto cozinha. Use esses recursos posteriormente, como distração caso sua comida tenha virado gororoba, quando a gente come na frente do computador, nem sente o gosto, não é mesmo? Ah! A tecnologia...
  4. Sua própria listinha de receitas que deram certo (e que dariam em qualquer circunstância!) para serem usadas em situações emergenciais de absoluto cansaço ou preguiça demais para pensar em algo.
  5. , muita fé, porque tem dias...

Nos próximos posts vou dividir receitas que eu adaptei para que pudessem ser ranqueadas entre Ultra Prático (UP), Super Prático (SP), Prático (P) e Pouco Prático (PP), agora eu tenho que apelar para a minha própria listinha porque já é quase noite e eu só comi bolachinhas de coco da Nestlé.

Beijos, pães e queijos.